Utilize este identificador para citar ou criar um atalho para este documento: https://hdl.handle.net/10923/11097
Tipo: doctoralThesis
Título: Gestão do trabalho em saúde pública: discurso, paráfrase e polissemia
Autor(es): Arsego, Lívia Ramalho
Orientador: Bellini, Maria Isabel Barros
Editora: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa: Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
Data de Publicação: 2017
Palavras-chave: SAÚDE PÚBLICA
TRABALHO - ADMINISTRAÇÃO
RECURSOS HUMANOS
ÉTICA
SERVIÇO SOCIAL
Resumo: Este estudo visou a compreender o processo de exsurgimento, no campo da saúde pública brasileira, em especial em 2003, da terminologia Gestão do Trabalho em Saúde como substitutiva ao termo Recursos Humanos, tradicionalmente utilizado para referir-se à força de trabalho nas organizações. A partir da identificação ao Projeto Ético Político do Serviço Social (PEP), formalizado por meio do Código de Ética (CE), elaboraram-se questionamentos às evidências e às possibilidades de sentidos inerentes à literalidade. Fundamentando-se no materialismo histórico, buscou-se contribuições da Análise de Discurso em Pêcheux, que se relacionam à concepção de construção material e histórica do discurso, e suas heterogeneidades, às suas capacidades interventivas objetivas e à compreensão do funcionamento de reformulação constante da ideologia da classe dominante, a qual apresenta a absorção de movimentos de resistências e oposições. A esse processo de reforço à reprodução da ordem do capital, ao qual se restringe em circularidade e limita as possibilidades analíticas dessa abordagem discursiva, realiza-se a aproximação da sua preponderância como dinâmica da cotidianidade, à qual reporta-se às possibilidades de reflexão ético-política visando suspensões e construção de superações, em um compromisso aos pressupostos e valores constantes no CE profissional. Assim, para compreensão dos efeitos de sentido produzidos a partir do enunciado Gestão do Trabalho em Saúde, e à ação de substituição terminológica, voltou-se ao delineamento das condições de produção às quais se relacionam estas articulações e intervenções de memórias discursivas distintas.A partir dos sentidos denotados pelas materialidades linguísticas em interseção trabalho, saúde e gestão, evidenciou-se que trabalho e saúde funcionam a produzir sentidos em oposição, produzindo deslocamentos ao associarem-se aos sentidos do enunciado gestão, ao qual preponderam as funcionalidades de manutenção e reprodução do capitalismo. Assim, à presença do termo gestão na nova terminologia referente às relações de trabalho na saúde intervêm sentidos convergentes aos processos hegemônicos, ao mesmo tempo em que há uma tensão exercida na composição direta aos termos trabalho e saúde, compreendendo-se os contraditórios processos entre paráfrase e polissemia. Em um contexto mundial de conformação de práticas gerenciais sob o neoliberalismo, de agravamento das condições sociais e de proteção ao trabalho, no processo discursivo dominante no Discurso oficial (DO) do período prepondera esse funcionamento, ao que se salienta a importância dos deslocamentos associados às significações de trabalho e saúde, que estabelecem relação com as pautas reivindicatórias históricas dos trabalhadores da saúde, para a obtenção do apoio social às ações que resultaram em maior capilarização do capital nos aparatos públicos.Ao mesmo tempo, afirma-se a importância dos processos de lutas e questionamentos que permitiram ressignificações e rearticulação das redes de sentido. Esse movimento não está em justificar as capacidades adaptativas da ideologia dominante, mas em considerar, conforme o CE do Serviço Social, as possibilidades de atuação dentro dos limites da ordem burguesa, de reconhecer níveis de emancipação política e social que garantam condições e segurança de vida às classes subalternas, reiterando-as como parte, relevante, de um projeto compromissado para com a emancipação humana, para o qual se reconhecem as potencialidades da práxis ético-política em bases marxianas.
This study had the objective to comprehend the process by which the terminology Health Work Management emerged in the area of Brazilian public health, especially in the year of 2003, replacing the term Human Resources, which was traditionally used in reference to the work force in organizations. Based on the Social Work’s Ethical Political Project (PEP), formalized through the Code of Ethics (CE), questions were raised on the evidences and possibilities of meanings inherent in literacy. Relying on historical materialism and contributions from Discourse Analysis based in Pêcheux’s work, which relate to the conception of material and historical construction of discourse, and its heterogeneities, to its objective interventional capacities and to the understanding of the work of constant reformulation of ideology of the ruling class, which shows the absorption of movements of resistances and oppositions. To this process of reinforcement to the reproduction of the order of capital, to which it is restricted in circularity and limits the analytical possibilities of this discursive approach, it is possible to approximate its preponderance as a dynamic of daily life, and refers to the possibilities of ethical reflection aiming suspensions and construction of overruns, in a commitment to the assumptions and values contained in the professional CE. To understand the effects of meaning produced from the word Work Management in Health, and terminological substitution act, we returned to the design of the conditions of production to which these articulations and interventions of distinct discursive memories are related.From the meanings denoted by the linguistic materialities at those intersection of work, health and management, it was shown that work and health had the funcionality to produce opposing meanings, generating displacements by associating themselves with the meanings of the management word, to which the maintenance and prevailing functions of capitalism. Thus, the presence of the term management in the new terminology referring to work relations in health involves convergent meanings to the hegemonic processes, at the same time that there is a tension exerted in the direct composition to the terms work and health, including the contradictory processes between paraphrase and polysemy. In a world context where management practices are conformed with neoliberalism, of worsening social conditions and of protection to work, in the discursive process dominant in the Official Discourse (DO) of the period preponderates this operation, to which it is emphasized the importance of the displacements associated to the meanings of work and health, which establish relationship with the historical agenda of health workers, to obtain social support for the actions that resulted in greater capillarization of capital in public establishments. At the same time, it affirms the importance of the struggles that allowed resignifications and rearticulation of the networks of meaning. This movement is not to justify the adaptive capacities of the dominant ideology, but to consider, according to the Social Work’s CE, the possibilities of acting within the limits of the bourgeois order, to recognize levels of political and social emancipation that guarantee conditions and security of life to the subaltern classes, reiterating them as a relevant part of a compromised project for human emancipation, for which the potentialities of the ethical-political praxis on Marxism bases are recognized.
URI: http://hdl.handle.net/10923/11097
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