Utilize este identificador para citar ou criar um atalho para este documento: https://hdl.handle.net/10923/15303
Tipo: doctoralThesis
Título: Messianismo tardio: Adorno e a persistência da teologia política
Autor(es): Santos, Jéverton Soares dos
Orientador: Oliveira Junior, Nythamar Hilario Fernandes de
Editora: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Data de Publicação: 2019
Palavras-chave: TEOLOGIA POLÍTICA
MESSIANISMO JUDAICO
METAFÍSICA
Resumo: O objeto desta tese é o pensamento de Theodor Wiesengrund Adorno. O seu tema consiste em examinar pari passu o papel que uma corrente messiânica de matriz judaica exerce na filosofia adorniana. A estratégia exegética adotada pela tese é de natureza diacrônico-comparativa, uma vez que se procura reconstruir as influências de escolas, de conceitos e de autores no desenvolvimento do labor filosófico de Adorno, com o objetivo de resolver alguns problemas de compreensão que surgem a partir da leitura e discussão de suas principais obras e ensaios. Em linhas gerais, este trabalho consiste em uma modesta tentativa de oferecer uma interpretação do pensamento de Adorno que talvez esteja para aquém das disciplinas da estética, da psicanálise e da teoria social, nas quais o autor possui um círculo maior de leitores e de estudiosos. Não se almeja, no entanto, reinventar a roda, desautorizando uma longa e consolidada recepção acadêmica do frankfurtiano. Que os motivos teológicos, especialmente da tradição judaica, deixaram vestígios no pensamento de Adorno é algo amplamente reconhecido pela recepção, não sendo objeto de problematização nem aqui nem em qualquer outro lugar. Mas o que ainda está em disputa é saber se esses vestígios teológicos configuram aspectos estruturais de sua teoria crítica ou, ao contrário, se eles são só resíduos conceituais de um interesse casuístico. Do ponto de vista adotado por este trabalho, optou-se em se posicionar a favor da primeira opção, ou seja, em prol da tese menos aceita pela recepção. Por isso, teve-se de construir uma hermenêutica própria do pensamento de Adorno, a partir da figura judaica do messianismo, que aparece em diversos momentos e de forma difusa ao longo de sua trajetória filosófica, mas que atinge, em um período tardio do seu pensamento, uma significação grande demais para ser ignorada.Desse modo, foram criadas quatro periodizações temáticas para explorar diferentes momentos do pensamento de Adorno, a saber, 1) a metafísica da juventude (1919-1931), 2) a filosofia da história (1932-1947), 3) o messianismo tardio (1935-1969) e 4) a persistência da teologia política (194-). Apesar de não serem arbitrárias, elas têm um caráter antes didático do que estanque e não rivalizam necessariamente entre si. Elas procuram salientar antes as descontinuidades e rupturas no interior do seu discurso filosófico do que reafirmar uma pretensa coesão da sua filosofia em um todo. Destarte, defende-se a tese de que o aludido aspecto messiânico não deve ser entendido de modo puramente negativo, ou seja, com base apenas na interdição judaica de se representar positivamente o paraíso, a utopia social e a justiça plena, senão também de forma positiva, por meio de um modelo de teologia política comprometido com a redenção enquanto desmitologização. Com este modelo de teologia política, Adorno identifica e combate, com argumentação rigorosa, os vestígios antissemitas – e, por isso, míticos – no interior dos sistemas filosóficos. Depois de Auschwitz, o povo judeu passou a ser retratado pelo autor como o paradigma histórico do não-idêntico que a filosofia da identidade procurava eliminar a todo custo. Por isso, a tese dá especial destaque à persistência da teologia política, que assume, em Adorno, a forma de uma implacável crítica aos filosofemas de Hegel e de Heidegger, por serem encarnações do fenômeno do antissemitismo espiritual – que se baseia em premissas da metafísica cristã (ou da teodiceia) para legitimar, ontologicamente, o mal, a morte e o sofrimento no mundo. Assim, a filosofia tardia de Adorno demonstra que a crítica à idolatria deve ser, antes de qualquer coisa, crítica à ontologia enquanto culto do ser.
The subject-matter of this doctoral dissertation is the thought of Theodor Wiesengrund Adorno. Its goal is to examine pari passu the role that a messianic strand of Jewish source has in Adornian philosophy. The exegetical strategy adopted by the thesis is that of a diachronic-comparative nature, since one tries to reconstruct the influences of schools, concepts and authors in the development of the philosophical work of Adorno, with a view to solving some problems of understanding that arise from the reading and discussion of his main works and essays. Broadly speaking, this work consists of a modest attempt to offer an interpretation of Adorno's thought that may extend well beyond the disciplines of aesthetics, psychoanalysis, and social theory, in which the author has a larger circle of readers and scholars. However, one does not intend to reinvent the wheel, disavowing a long and consolidated academic reception of the Frankfurter philosopher. That the theological motives, especially stemming from Jewish traditions, left traces in Adorno's thought is something widely recognized by the reception, not being object of problematization neither here nor elsewhere. But what is still in dispute is whether these theological traces configure structural aspects of his critical theory, or whether they are, on the contrary, only conceptual residues of a casuistic interest. From the point of view adopted by this work, we opted to position in favor of the first option, that is, in favor of the thesis less accepted by the reception. That is why one had to construct a hermeneutic proper to Adorno's thought, from the Jewish figure of messianism, which appears at different times and diffusely throughout his philosophical trajectory, but which reaches, in a later period of his thought, a meaning too great to ignore.In this way, four thematic periodizations were created to explore different moments of Adorno's thinking, namely: 1) the metaphysics of youth (1919-1931), 2) the philosophy of history (1932-1947), 3) late messianism (1935-1969) and 4) the persistence of political theology (1940s). Although they are not arbitrary, they have a didactic rather than compartmentalized character and do not necessarily rival each other. They seek to emphasize rather the discontinuities and ruptures within his philosophical discourse than to reaffirm a supposed cohesion of his philosophy as a whole. Thus, my thesis is that this messianic aspect should not be understood in a purely negative way, that is, based only on the Jewish interdiction of positively representing paradise, social utopia and full justice, but also of positive form, through a model of political theology committed to redemption while demythologizing it. With this model of political theology, Adorno identifies and fights, with rigorous argumentation, the antisemitic – and therefore, mythical - vestiges within the philosophical systems. After Auschwitz, the Jewish people came to be portrayed by the author as the historical paradigm of the non-identical that the philosophy of identity sought to eliminate at all costs. For this reason, the dissertation emphasizes the persistence of political theology, which takes on Adorno the form of a relentless criticism of the philosophies of Hegel and Heidegger, as incarnations of the phenomenon of spiritual antisemitism – which is based on premises of metaphysics (or theodicy) to legitimize ontologically evil, death and suffering in the world. Thus, Adorno's late philosophy demonstrates that criticism of idolatry must first of all be critique of ontology as a worship of being.
URI: http://hdl.handle.net/10923/15303
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