| Abstract: | Este estudo teve como objetivo geral investigar as especificidades do trabalho na gestão de serviços de saúde mental, no contexto da saúde coletiva, a partir da percepção de profissionais gestores, identificados com a psicanálise. Como objetivos específicos, pretendeuse: explorar as especificidades do trabalho na gestão de serviços de saúde mental; identificar, a partir da experiência dos gestores, as semelhanças e diferenças entre o seu trabalho e aquele desenvolvido pelos demais profissionais da equipe (que não atuam como gestores); explorar o que os participantes consideram como habilidades profissionais e pessoais necessárias a um gestor que atua no campo da saúde mental; averiguar os entraves na atuação na gestão de serviços de saúde mental e investigar como profissionais gestores de serviços de saúde mental, identificados com a psicanálise, utilizam os conhecimentos e conceitos psicanalíticos no seu processo de trabalho. A pesquisa possui delineamento qualitativo, de caráter exploratório. As participantes deste estudo foram seis profissionais identificadas com a psicanálise, com um período mínimo de seis meses de prática na gestão de serviços de saúde coletiva, no campo da saúde mental, mais especificamente nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e nos Centros de Atenção Psicossocial. Os dados foram coletados por meio do preenchimento de uma Ficha de Dados Pessoais e Sociodemográficos, elaborada para este estudo. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com duração média de 1 hora, as quais foram compostas por questões abertas, conduzidas pelos seguintes eixos temáticos: especificidade do trabalho na gestão de serviços de saúde mental; utilização de dispositivos de gestão participativa e cogestão propostos pelo SUS e interfaces com a psicanálise. Para atender à Resolução nº 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde, as participantes foram informadas pela pesquisadora sobre os objetivos da pesquisa, e, posteriormente, convidadas a formalizar sua aceitação em participar através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas, depois de gravadas e transcritas, foram examinadas por meio da Análise Temática, proposta por Braun e Clarke. O estudo apresenta dois artigos. O primeiro teve como propósito investigar as interrelações entre os campos da saúde coletiva, da saúde mental e da psicanálise, na gestão de serviços de saúde mental. Os resultados apontam as dificuldades e os desafios para o gestionar diante da coexistência de diferentes lógicas de cuidado em saúde mental. A psicanálise é assumida como um posicionamento ético-político a partir da escuta dos processos inconscientes dos sujeitos, que se dão no campo transferencial, contribuindo no suporte à compreensão dos casos e no manejo dos aspectos relacionais e institucionais. Por outro lado, há a necessidade de sua aproximação com o contexto da saúde mental. O segundo artigo teve como finalidade investigar as especificidades e os desafios do trabalho na gestão de serviços de saúde mental, a partir de modelos de gestão clássica e colegiada. Os resultados demonstram que, independentemente do modelo de gestão adotado, há a imprescindibilidade do compartilhamento das decisões. A coordenação é vista como assumindo um papel diferente dos outros membros da equipe e como suporte e manejo no modelo de gestão clássica. A prerrogativa de indissociabilidade entre gestão e atenção à saúde é encontrada no modelo de gestão colegiada e na gestão clássica onde a coordenação assume as duas funções, de gestora e de técnica. Por fim, os resultados assinalam os desafios e entraves para a atuação na gestão, os quais estão presentes em ambos os modelos.
This study aimed to investigate the specificities of work in the management of mental health services in the context of collective health, based on the perception of management professionals identified with psychoanalysis. Specific objectives were: to explore the specificities of work in the management of mental health services; to identify, from the experience of the managers, the similarities and differences between their work and that developed by the other professionals of the team (who do not act as managers); explore what the participants consider to be the professional and personal skills needed by a manager in the field of mental health; to investigate the obstacles in the management of mental health services and to investigate how professionals who manage mental health services, identified with psychoanalysis, use psychoanalytic knowledge and concepts in their work process. The research has a qualitative, exploratory character. The participants of this study were six professionals identified with psychoanalysis, with a minimum period of six months of practice in the management of collective health services, in the field of mental health, more specifically in the Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) and in the Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). The data were collected through the completion of a Personal and Sociodemographic Data Sheet, prepared for this study. We also conducted semi-structured interviews with an average duration of 1 hour, which were composed of open questions, driven by the following thematic axes: work specificity in the management of mental health services; utilization of participatory management and co-management mechanisms proposed by SUS and interfaces with psychoanalysis. In order to comply with Resolution 510/2016 of the National Health Council, the participants were informed by the researcher about the research objectives and, later, they were invited to formalize their acceptance in participating through the signing of the Informed Consent Term. The interviews, after being recorded and transcribed, were examined through the Thematic Analysis, proposed by Braun and Clarke. The study presents two articles. The first one aimed at investigating the interrelationships between the fields of collective health, mental health and psychoanalysis, in the management of mental health services. The results point out the difficulties and challenges to manage it in the face of the coexistence of different mental health care logics. Psychoanalysis is assumed as an ethico-political positioning from listening to the unconscious processes of the subjects, which occur in the transferential field, contributing in the support to the understanding of the cases and in the management of relational and institutional aspects. On the other hand, there is a need to approach it with the context of mental health. The second article aimed to investigate the specificities and challenges of work in the management of mental health services, from classic and collegiate management models. The results show that, regardless of the management model adopted, there is a need for sharing decisions. Coordination is seen as assuming a different role from other team members and as support and management in the classical management model. The prerogative of indissociability between management and health care is found in the model of collegiate management and classical management where coordination assumes the two functions, manager and technical. Finally, the results point out the challenges and obstacles to performance in management, which are present in both models. |
