Implicações das prescrições de nível operacional sobre a estabilidade e flexibilidade de organizações de alta confiabilidade

Abstract

A literatura organizacional dominante reconhece duas estruturas organizacionais opostas e contraditórias: a estrutura burocrática e a estrutura orgânica. A estrutura burocrática é apropriada em ambientes organizacionais estáveis onde o controle é centralizado para promover estabilidade. A estrutura orgânica é verificada em organizações inseridas em ambientes dinâmicos, onde a descentralização do controle e a flexibilidade são necessárias. Apesar dessa contradição, organizações de alta confiabilidade não seguem exatamente a lógica dominante dos estudos organizacionais, pois tais organizações demonstram capacidade de mudar entre modos de desempenhos estáveis e flexíveis. Organizações de alta confiabilidade são sistemas intratáveis caracterizados pelo alto ritmo de mudança, compreensão limitada e imprevisibilidade, que requerem flexibilidade. Ao mesmo tempo, organizações de alta confiabilidade demonstram alto impacto sobre a sociedade que, em resposta, impõem mecanismos burocráticos de controle, como formalizações do trabalho demonstradas pela alta dependências de prescrições. Fundamentado em recentes contribuições presentes na literatura organizacional, juntamente com a literatura de gestão de segurança operacional, relacionada a formalizações do trabalho, este estudo tem como objetivo examinar como prescrições de nível operacional implicam sobre a estabilidade e flexibilidade de organizações de alta confiabilidade.Para isso, casos múltiplos de unidades de perfuração e produção de óleo e gás offshore são apresentados. Os resultados sugerem que diferentes tipos de prescrições oferecem diferentes graus de controle, dependendo do tipo de prescrição e sua latitude de aplicabilidade. Assim, prescrições propriamente projetadas podem promover não apenas modos de desempenhos estáveis, mas também modos flexíveis, os quais permitem alcançar a alta confiabilidade. A literatura normalmente reconhece prescrições como mecanismos centralizadores de controle que permite a estabilidade. Entretanto, do ponto de vista teórico, este estudo sugere uma visão de dualidade, onde prescrições podem ser mecanismos descentralizadores do controle e, assim, também promover a flexibilidade.

Prevailing organizational literature recognizes two opposite and contradictory types of organizational structure: bureaucratic and organic. The former is appropriate in more stable environments where control and autonomy are centralized to provide stability. The latter fits more adequately in dynamic environments where decentralization and flexibility are strongly necessary. Despite this contradiction, high reliability organizations do not operate in accordance with prevailing organizational literature. An important feature of high reliability organizations is its capability to change between stable and flexible modes of performance under uncertainty. High reliability organizations are intractable systems characterized by unpredictability, fast pace of change and limited comprehensibility, which require flexibility. But at the same time, exhibit high impact to society that, in response, impose bureaucratic mechanisms of systems control, such as strong formalization of work demonstrated by high dependence of prescriptions. Grounded in recent studies of organizational science domain along with well-established safety management literature related with work formalizations, this study aims to discuss the implications of prescriptions over stability and flexibility in high reliability organizations.Findings from a multiple case study in oil and gas industry with drilling and production companies are presented. Results suggest that different prescriptions offer different degrees of control and autonomy, depending on the type of prescriptions and its latitude of applicability. Thus, properly designed work formalizations can enable not only stable mode of performance, but also flexible mode to foster high reliability. The literature usually views prescriptions as a centralizing mechanism of control which promote stability. However, from a theoretical point of view, this study supports a duality view, where prescriptions provide decentralized control and consequently promote flexible mode of performance either.