A eugenia enquanto dispositivo biopolítico nos processos de educabilidade no estado novo (1937-1945)

Abstract

Este trabalho tem por objetivo analisar como a eugenia efetivou-se enquanto dispositivo biopolítico nos processos de educabilidade no Estado Novo (1937-1945). De modo mais específico, busca-se: compreender as questões raciais, principalmente a mestiçagem, como dispositivo principal para pensar e forjar a população brasileira; investigar a relação entre eugenia e educação, dentro da Era Vargas; entender os dispositivos de educabilidade, como mecanismos formativos do corpo-espécie da população. Nesta medida, ao examinar as influências desta conexão, como também o caráter centralizador do Estado Novo varguista, destaca-se primeiramente que o processo educativo se dá não somente no interior da escola, mas de mesma forma, por meio de instrumentos que estimulem, impulsionem ou instiguem a educabilidade dos sujeitos, consolidando-se na formação dos mesmos, no campo direto e subjetivo. Para tanto, por meio destas análises, pretende-se relacionar tais medidas com a idealização do corpo-espécie da população, utilizando-se, assim, da cartilha A Juventude no Estado Novo e da divulgação eugênica por meio do rádio. Busca-se averiguar, como o Estado Novo, potencializou, através das ferramentas de educabilidade, o higienismo no âmbito médico e, de mesma forma, no sócioformativo por meio do racismo estatal. Com relação ao “Referencial teórico-metodológico”, esta pesquisa se insere dentro de um trabalho genealógico Foucaultiano no examinar dos processos que efetivaram a vinculação Eugenia, Biopolítica, e Educabilidade.Os resultados obtidos evidenciam que os processos de educabilidade eugênica, assim como a própria educação, foram utilizados de forma efetiva, para consolidar as idealizações sócioformativas da população brasileira durante este período e, persistem hoje até hoje, através de medidas como, por exemplo, a não obrigatoriedade de alunos especiais em escolas públicas.

This paper aims to analyze how eugenics became effective as a biopolitical dispositif within the processes of educability of the Estado Novo (1937-1945). More specifically, it seeks to: understand racial issues, especially crossbreeding, as a main dispositif to think and forge the Brazilian population; investigate the relationship between eugenics and education during Era Vargas; understand the educability dispositifs as a formative mechanism of the population body-specie. To this extent, when examining the influences of this connection, as well as the centralizing character of Vargas Estado Novo, it is firstly emphasized that the educational process takes place not only in the school, but also, by means of instruments that stimulate, impel, or instigate subject‟s educability, consolidating in their formation, in a direct and subjective field. To this end, through these analyses, we intend to relate these measures to the body-specie of the population idealization, using the booklet A Juventude no Estado Novo and the eugenics dissemination through the radio. We seek to verify how Estado Novo, through the tools of educability, potentiated hygienism in the medical field and, likewise, in the social-formative field through state racism. In relation to the "Theoretical and methodological reference", this research is part of a Foucauldian genealogical work in the examination of the processes that links Eugenics, Biopolitics, and Educability. The results obtained show that the processes of eugenic educability, as well as education itself, were effectively used to consolidate the social-formative idealizations of the Brazilian population during this period, and persist to this day, through measures such as, for example, the non-compulsory attendance of people with disabilities in public schools.