Abstract: | Entendendo que a narrativa das temporalidades de um centro urbano comporta o seu passado e seu presente, e que a comparação entre estes dois momentos pode remeter à construção de urbes distintas, é possível ler as crônicas de Aquiles Porto Alegre como a narrativa de duas cidades; uma na qual o autor se sente um estrangeiro, e outra, uma cidade ideal e utópica que encontra substância em suas memórias. A obra de Aquiles, concebida sob os auspícios do Romantismo (LÖWY; SAYRE, 2015), traz à tona a cidade passada dos séculos XVIII e XIX, sempre acessada e comparada com a do século XX, construindo a imagem de outra urbe, em outro tempo e lugar. Este trabalho visa, portanto, explorar as possíveis leituras da história urbana da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Brasil, através da visão do cronista Aquiles Porto Alegre, que se percebia um estrangeiro em sua cidade moderna dos anos 1910 e 1920. A flexibilidade do Romantismo na literatura e no cotidiano dos centros urbanos da América Latina, a relação entre Aquiles Porto Alegre e suas memórias, bem como o papel da crônica na construção e modificação do espaço urbano, permite-nos compreender a forma como o cronista retrata o passado nostálgico de uma capital cujas características, oriundas de construções coletivas de rememoração, ajudam a descrever outra cidade, uma cidade ao mesmo tempo próxima e distante daquela que ele conhece. Understanding that the narrative of the temporalities of an urban center includes the past and the present, and that the comparison between these two moments may offer the construction of distinct urbes, it is possible to read the chronicles of Aquiles Porto Alegre as the narrative of two cities; one in which the author feels like a foreigner, and another, an ideal and utopian city that finds substance in his memories. The works of Achilles conceived under the auspices of Romanticism (LÖWY; SAYRE, 2015), brings to light the past city of the 18th and 19th centuries, always accessed and compared with that of the 20th century, building the image of another city, in another time and place. This work aims, therefore, to explore the possible readings of the urban history of the city of Porto Alegre, capital of Rio Grande do Sul, Brazil, through the vision of the chronicler Aquiles Porto Alegre, who perceived himself as a foreigner in his modern city in the 1910s and 1920s. The flexibility of Romanticism in literature and in the daily life of urban centers in Latin America, the relationship between Aquiles Porto Alegre and his memories, as well as the role of the chronicle in the construction and modification of urban space, allows us to understand the way the chronicler portrays the nostalgic past of a capital whose characteristics, arising from collective constructions of remembrance, help to describe another city, a city at the same time close and distant from the one he knows. |