| Resumen: | Durante a ditadura civil-militar brasileira, Olavo Bilac, poeta e jornalista brasileiro, foi elencado pelo regime como Patrono das Forças Armadas do país, sendo, então, o primeiro civil a compor o panteão. Dessa maneira, percebe-se que o uso da figura do poeta fez parte de uma busca por atrair a adesão das camadas civis ao governo instaurado após o golpe de 1964. Foram utilizados diferentes artifícios para chegar a tal fim, incluindo a produção de obras de cunho biográfico, como a produzida pelo general Moacir Araújo Lopes intitulada "Olavo Bilac, o homem cívico" de 1968, em decorrência do cinquentenário de sua morte, ocorrida em 18 de dezembro de 1918. Nos anos de 1965 (ano em que se deram as comemorações do centenário de nascimento do poeta) a 1968, ocorreram uma série de comemorações por parte da ditadura civil-militar na busca de levar até a população um modelo de cidadão a ser seguido. Em vida, Olavo Bilac foi, além de poeta e jornalista, um homem cívico, participando de maneira ativa na educação dentro do civismo de crianças mas, principalmente, fora uma figura importante na formulação e difusão do Serviço Militar Obrigatório. Como consequência de sua participação nas postulações do SMO, criou-se a Liga de Defesa Nacional, na qual Bilac teve importante papel já que viajou o país discursando para diferentes grupos sociais: jovens, políticos e militares.Seu discurso à juventude na Faculdade de Direito tornou-se símbolo de seu civismo, dizendo-se ser um "vulgarizador de ideias", o poeta soube levar debates muitas vezes fechados à intelectualidade, seja ela civil ou militar, à um número maior de pessoas, incitando a participação dos mesmos na vida do país. Sendo assim, o regime militar instaurado a partir do golpe ocorrido em 31 de março de 1964 usa-se dos vultos do passado para construir sua legitimidade e da figura de Olavo Bilac para elencar um modelo de cidadão da mesma forma que, a partir da ideia do perigo iminente de uma invasão comunista, busca acirrar o civismo, fazendo com que a população compreendesse a necessidade de abdicar de seus direitos em prol da proteção da nação. É então, através das comemorações de cunho cívico e das postulações de escritores alinhados ao regime, que esse processo de enquadramento da memória de Bilac ocorreu. O trabalho aqui apresentado forma-se então, através da intersecção entre História Política e social, na busca por compreender, de maneira mais ampla, as diferentes formas de diálogo com a sociedade e instrumentos utilizados para criar legitimidade que a ditadura civil-militar brasileira se utilizou, compreendendo que a relação Estado autoritário e sociedade civil é, por muitas vezes, complexa.
During the Brazilian civil-military dictatorship, Olavo Bilac, Brazilian poet and journalist, was elected by the regime as Patron of the Armed Forces of the country, being, then, the first civilian to make up the pantheon. In this way, it is clear that the use of the figure of the poet was part of a search to attract the adhesion of the civil strata to the government established after the 1964 coup. Different artifices were used to reach this end, including the production of works by biographical imprint, such as the one produced by General Moacir Araújo Lopes entitled "Olavo Bilac, the civic man" of 1968, as a result of the fiftieth anniversary of his death, which occurred on December 18, 1918. From 1965 year of commemorations of the centenary of the poet's birth) to 1968, there were a series of commemorations by the civil-military dictatorship in an attempt to bring to the population a model of citizen to be followed. In life, Olavo Bilac was, in addition to being a poet and journalist, a civic man, actively participating in education within the civic spirit of children, but, above all, he was an important figure in the formulation and dissemination of the Mandatory Military Service. As a result of his participation in the MMS postulations, the National Defense League was created, in which Bilac played an important role as he traveled the country speaking to different social groups: young people, politicians and the military.His speech to youth at the Faculty of Law became a symbol of his civility, claiming to be a "popularizer of ideas", the poet knew how to lead debates often closed to intellectuals, whether civil or military, to a greater number of people , encouraging their participation in the life of the country. Thus, the military regime installed after the coup that took place on March 31, 1964 uses the figures of the past to build its legitimacy and the figure of Olavo Bilac to list a model of citizen in the same way as, from the idea of an imminent danger of a communist invasion, it seeks to intensify civility, making the population understand the need to abdicate their rights in favor of protecting the nation. It is then, through civic commemorations and the postulations of writers aligned with the regime, that this process of framing Bilac's memory took place. The work presented here is formed, then, through the intersection between Political and Social History, in an attempt to understand, in a broader way, the different forms of dialogue with the society and the instruments used to create legitimacy for the Brazilian civil-military dictatorship, understanding that the relationship authoritarian state and civil society is often complex. |
