| Resumo: | Considering that the notion we have of women is the result of changes throughout human history, and that becoming a woman is a learning that occurs throughout life, this study aimed to comprehend how the participation of women in Women Circles Tenda da Terra and Tenda da Lua, originated in Porto Alegre, RS, understood as promoting a holistic education, contributes to the process of learning to be a woman. It was aimed to identify the most significant learnings as perceived by the participants themselves, and changes in their way of being in the world afforded by participation in these circles. Using life stories as a research methodology, individual interviews with six participants of the 16th generation and the founder of these women circles were done, and after being transcribed, they were analyzed according to content analysis and discursive textual analysis. It was noted that participation in the circles made these women learn to reframe their primary relationships, abandoning masks, staring at their shadows and becoming more authentic. Also, they learned to live meaningfully with other women and also with themselves, through restoring the sacredness of women and ritualization of everyday life. Finally, they became more integrated internally and externally, balancing their masculine and feminine dimensions and establishing new ways of relating to male and female in the context they live. These results confirm the processuality of the learning to be a woman and the importance of having conditions that promote the inherent changes in this process, highlighting the need for an education capable of rescuing forgotten dimensions and relations of each woman with herself, with other women, with men and with other beings in the cosmos.
Considerando que a noção que se tem sobre a mulher é fruto de mudanças ao longo da história humana, e que se tornar mulher é uma aprendizagem que se dá ao longo da vida, este trabalho teve como objetivo compreender como a participação de mulheres nos Círculos Femininos Tenda da Terra e Tenda da Lua, originados em Porto Alegre, RS, e compreendidos como promotores de uma educação holística, contribui para seu processo de aprender a ser mulher. Buscou-se identificar as aprendizagens mais significativas na percepção das próprias participantes e as mudanças em seus modos de ser e estar no mundo propiciadas pela participação nesses Círculos. Utilizando histórias de vida como metodologia de investigação, foram realizadas entrevistas individuais com seis participantes da 16ª geração e com a idealizadora dos Círculos que, após serem transcritas, foram analisadas de acordo com a análise de conteúdo e análise textual discursiva. Assim, percebeu-se que a participação nos Círculos fez com que essas mulheres aprendessem a ressignificar suas relações primordiais, abandonando máscaras, encarando suas sombras e se tornando mais autênticas. Além disso, aprenderam a conviver de forma significativa com outras mulheres e também consigo mesmas, por meio do resgate da sacralidade da mulher e da ritualização da vida cotidiana. Por fim, mostraram-se mais integradas interna e externamente, equilibrando suas dimensões masculinas e femininas e estabelecendo novas formas de se relacionar com o feminino e o masculino no contexto em que vivem. Esses resultados confirmam a processualidade da aprendizagem de ser mulher e a importância de haver condições para que aconteçam as mudanças inerentes a esse processo, destacando a necessidade de uma educação capaz de resgatar dimensões e relações esquecidas da mulher consigo mesma, com outras mulheres, com homens e com os demais seres do universo. |
