Abstract: | Com o envelhecimento da população, doenças relacionadas com o envelhecimento vêm se
tornando mais comuns. A Doença de Alzheimer (DA), a forma prevalente de demência, inclui
como sintomas iniciais deficit cognitivos que são atribuídos a efeitos tóxicos de peptídeo β-
amiloide (Aβ) que se acumula em placas senis e emaranhados neurofibrilares constituídos
pela proteína tau hiperfosforilada. A cascata amiloide inicialmente proposta para explicar os
efeitos do Aβ apontava para as placas de depósito de Aβ1-42 como a forma tóxica da
molécula responsável pela disfunção e morte neuronal. Recentemente diversas evidências
apontam para a toxicidade das versões solúveis do peptídeo antes da agregação em placas.
O melhor entendimento da dinâmica de agregação do amiloide, limpeza e potencial tóxico
das versões solúveis pode permitir significativos avanços no conhecimento dos mecanismos
da doença e a identificação de potenciais alvos para terapias da DA. Neste estudo utilizamos
o teleósteo zebrafish como modelo para a caracterização destes processos. Embriões com
24 horas receberam injeção intracerebroventricular de Aβ1-42 humano preparado de forma a
ter diferentes potenciais de agregação: monomérica, oligomérica e formadora de placas. Ao
atingirem 5 dias pós-fertilização (dpf), a quantificação dos níveis de Aβ1-42 demonstrou um
aumento remanescente dos níveis do peptídeo nos animais injetados com a solução que
favorecia a formação de placas. Após monitorarmos eventuais efeitos embriotóxicos e
teratogênicos, ao atingirem 5dpf, os animais foram também avaliados em relação a aspectos
fisiológicos gerais e sua capacidade cognitiva. Embora a injeção não tenha impactado
significativamente a sobrevivência dos animais ou a capacidade exploratória, a injeção da
solução oligomérica induziu deficit cognitivos específicos em relação ao controle injetado
com veículo. Juntos, estes resultados suportam a versão revisada da cascata amiloide na
qual, embora a presença de placas corresponda a um maior acúmulo de Aβ1-42, a presença
de versões oligoméricas pode induzir efeitos neurotóxicos significativos e resultar em deficit
cognitivos, especialmente nos estágios iniciais da doença. Aging-related diseases are becoming more common. Alzheimer's disease (AD), the most
prevalent form of dementia, includes as initial symptoms cognitive deficits that are
attributed to the toxic effects of amyloidβ peptide (Aβ) that accumulates in senile plaques
and neurofibrillary tangles composed of hyperphosphorylated tau protein. The amyloid
cascade initially proposed to explain the effects of Aβ pointed to the plaques as the most
toxic form of the Aβ molecule responsible for neuronal dysfunction and death. Recently,
several evidences point to the increased toxicity of the soluble forms of the peptide. A better
understanding of the dynamics of amyloid aggregation, clearance and toxic potential of the
soluble versions may foster significant advances in the understanding AD mechanisms and
the identification of potential targets for AD therapies. In this study we used the zebrafish as
a model. 24-hour embryos received intracerebroventricular injection of human Aβ1-42
prepared to have different aggregation potentials: monomeric, oligomeric and plaqueforming.
At 5 days post-fertilization (dpf), quantification of Aβ1-42 levels demonstrated a
remnant increase in peptide levels in the animals injected with the solution that favored
plaque formation. After monitoring for embryotoxic and teratogenic effects, 5dpf the
animals were also evaluated in relation to general physiological aspects and their cognitive
ability. Although the injection did not significantly impact animal survival or exploratory
ability, the oligomeric solution induced specific cognitive deficits in relation to the vehicleinjected
control. Together these results support the revised version of the amyloid cascade
in which, although the presence of plaques corresponds to a greater accumulation of Aβ1-
oligomeric forms may induce significant neurotoxic effects and result in cognitive deficits
specially at disease’s early stages. |