| Resumo: | A presente tese visa analisar como se expressam as categorias gênero, raça e/ou etnia e classe social na produção do conhecimento sobre a saúde mental das mulheres e nas políticas públicas de saúde da mulher e saúde mental, a fim de contribuir para a qualificação de estratégias interventivas para o desenvolvimento da atenção integral em saúde mental das mulheres. Para o desenvolvimento deste estudo utilizou-se como referencial epistemológico o método dialético crítico a partir das categorias centrais como totalidade, historicidade e a contradição, estando presente no desenvolvimento de todo o trabalho. A investigação é de natureza qualitativa e contemplou um estudo teórico-bibliográfico e documental. A pesquisa bibliográfica foi utilizada com o propósito de conhecer a produção do conhecimento sobre a saúde mental das mulheres. A fundamentação teórica das categorias classe social, raça e/ou etnia e gênero, foram respaldadas por estudos vinculados a concepção materialista, utilizando as produções científicas de Daniele Kergoat, a partir do seu método de análise que compreende que as relações sociais de sexo, raça e classe são concebidas de modo indissociáveis, utilizando-se o conceito de consubstancialidade/coextensividade das relações sociais. As políticas públicas de saúde mental que correspondem ao aparato legal da Reforma Psiquiátrica, apresentam uma abordagem generalista, sem abranger as inúmeras singularidades e os determinantes sociais para o adoecimento psíquico, ao assumir essa postura homogênea e androcêntrica, invisibilizando as mulheres, reforçando suas assimetrias.Assim como, as políticas públicas de saúde para as mulheres e saúde mental, possuem características fragmentadas e universalizantes, causando lacunas nos processos de cuidado, já que não atentam para distintas singularidades das usuárias e corroboram para o negligenciamento do direito à saúde e os demais princípios que constituem o SUS. A articulação de gênero com as demais categorias opressoras foi escassa nos estudos analisados, ao isolar a categoria, ela torna-se hierarquizada sobre as demais e impede a análise complexa do fenômeno, a compreensão fica assim fragmentada e impede a percepção dos estruturantes sociais. No entanto, as produções com dinamicidade das categorias auferiram destaque nas análises apresentadas a contrapelo sobre as mulheres negras, tecendo contribuições sobre esta temática oculta na história da loucura e desvelada nesta escrita. A produção do conhecimento sobre a saúde mental das mulheres a partir da consubstancialidade/coextensividade das categorias classe social, raça e/ou etnia e gênero, demonstra que estes estudos desconhecem como se estruturam as relações sociais e promovem exclusões, opressões e desigualdade às mulheres, em consequência disso são determinantes para o adoecimento psíquico e se impõem como barreiras de acesso para a atenção em saúde mental. A partir do estudo desenvolvido compreende-se que a partir da combinação dos sistemas patriarcal, racista e capitalista, como estruturantes na produção de desigualdades e das relações sociais, a consubstancialidade e a coextensividade das reações entre categorias gênero, raça e/ou etnia e classe social corroboram para a produção de processos de adoecimento psíquico das mulheres.
This thesis aims to analyze how the categories gender, race and/or ethnicity and social class are expressed in the production of knowledge about women's mental health and in public policies on women's health and mental health, in order to contribute to the qualification of interventional strategies for the development of comprehensive care in women's mental health. For the development of this study, the critical dialectical method was used as an epistemological reference starting from central categories such as totality, historicity and contradiction, being present in the development of the entire work. The investigation is of a qualitative nature and included a theoreticalbibliographical and documental study. The bibliographical research was used with the purpose of knowing the production of knowledge about women's mental health. The theoretical basis of the social class, race and/or ethnicity and gender categories were supported by studies linked to the materialist conception, using the scientific productions of Daniele Kergoat, based on his method of analysis, which understands that the social relations of sex, race and class are conceived in an inseparable way, using the concept of consubstantiality/coextensivity of social relations. The public mental health policies that correspond to the legal apparatus of the Psychiatric Reform, present a generalist approach, without covering the innumerable singularities and social determinants for psychic illness, by assuming this homogeneous and androcentric posture, making women invisible, reinforcing their asymmetries. As well as public health policies for women and mental health, they have fragmented and universalizing characteristics, causing gaps in care processes, since they do not pay attention to the different singularities of users and corroborate the neglect of the right to health and other principles that constitute the SUS.The articulation of gender with the other oppressive categories was scarce in the analyzed studies, by isolating the category, it becomes hierarchical over the others and prevents the complex analysis of the phenomenon, the understanding is thus fragmented and prevents the perception of social structures. However, the productions with the dynamicity of the categories gained prominence in the analyzes presented against the grain on black women, making contributions on this hidden theme in the history of madness and unveiled in this writing. The production of knowledge about women's mental health from the consubstantiality/coextensivity of the categories social class, race and/or ethnicity and gender, demonstrates that these studies are unaware of how social relations are structured and promote exclusion, oppression and inequality to women, as a result, they are determinant for psychic illness and impose themselves as access barriers to mental health care. From the study carried out, it is understood that from the combination of patriarchal, racist and capitalist systems, as structuring in the production of inequalities and social relations, the consubstantiality and coextensivity of the reactions between categories gender, race and/or ethnicity and class corroborate for the production of psychic illness processes in women. |
