| Abstract: | Esta dissertação de mestrado procura traçar os pontos mais importantes do caminho histórico trilhado pelas ciências humanas no currículo do Ensino Secundário brasileiro durante o século XX e início do século XXI, evidenciando a relação existente entre estes currículos de ciências humanas com as formulações sobre biopolítica em Michel Foucault. Procuramos compreender de que maneira o Currículo das Ciências Humanas no Ensino Médio atua como dispositivo Biopolítico. Além disso, retomamos o conceito da biopolítica tendo por base textos de Foucault e de alguns estudiosos relacionados a teoria foucaultiana. A partir da caracterização da biopolítica, procuramos identificar a constituição do Currículo de Ciências Humanas a partir da BNCC (2017) e seu papel na formação cidadã brasileira contemporânea para, por fim, elaborar possíveis aproximações entre currículo e biopolítica, buscando possibilidades de crítica e resistência. No início do século XX, torna-se vigente a compreensão do Currículo de Ciências Humanas como aliado às duas finalidades: formação moral e religiosa, reduzida à contenção das paixões e dulcificações dos costumes, e instrumento para uma interpretação científica da sociedade, uma base para a nova gestão dos corpos circunscritos a sociedade brasileira da época. Na segunda metade do século XX, as Humanidades continuam servindo para a atuação biopolítica do governo não somente ao defenderem o lugar da mulher como esposa e mãe, mas também ao propor que a aquisição de teorias, conceitos ou conhecimentos, que dominava o ensino até a década de 1960, deveria dar lugar a formação de determinados modos de comportamento e capacidades nos estudantes, necessários à economia de mercado.Concluímos a dissertação afirmando que alguns traços históricos do currículo de ciências humanas e a noção de competência e habilidade na BNCC funcionam como operadores biopolíticos que possibilitam o governamento da população.
This master's thesis aims at tracing the most important traces of the historical path taken by the human sciences in the Brazilian Secondary Education curriculum in the 20th century and the beginning 21th century. It will be done highlighting the relationship between human sciences curricula and the biopolitics formulations of Michel Foucault. We seek to understand how the Curriculum of Human Sciences in Secondary School acts as a Biopolitical dispositif. In addition, we resumed the concept of biopolitics based on texts by Foucault and some scholars related to Foucault's theory. Based on the characterization of biopolitics, we seek to identify the elaboration of the Human Sciences Curriculum from the BNCC (2017) and its role in constructing contemporary Brazilian citizenship. Finally, we elaborate possible connections between curriculum and biopolitics, seeking possibilities for criticism and resistance. At the beginning of the 20th century, the understanding of the Curriculum of Human Sciences became effective as an ally to two purposes: moral and religious formation, reduced to the containment of passions and sweetening of customs, and instrument for a scientific interpretation of society, a basis for the new management of bodies limited to Brazilian society at the time. In the second half of the 20th century, the Humanities continued to serve the government's biopolitical action, not only by defending the place of women as wives and mothers, but also by proposing that the acquisition of theories, concepts or knowledge, which dominated teaching until the 1960s, should give rise to the formation of certain modes of behavior and abilities in students, vital to market economy.We conclude the thesis stating that some historical traits of the secondary school curriculum of human sciences and the notion of competence and skill in the BNCC work as biopolitical operators that enable the government of the population. |
