Banking on apartheid: a campanha contra os bancos canadenses na revista TCLSAC Reports (1977-1984)

Abstract

Este trabalho analisa a articulação da Campanha dos Bancos através das publicações da revista TCLSAC Reports, do Toronto Committee for the Liberation of Southern Africa (TCLSAC), comitê de solidariedade canadense envolvido com a luta antiapartheid e o apoio aos movimentos de libertação da África Lusófona. A pesquisa analisa as práticas empregadas na composição da Bank Campaign e o uso estratégico da informação na mobilização dos protestos, boicotes e piquetes organizados – práticas estas também compartilhadas por diferentes grupos nacionais engajados na luta contra os bancos canadenses e seus empréstimos à África do Sul nas décadas de 1970 e 1980. A análise focaliza as conexões nacionais e internacionais exercitadas pelo TCLSAC, demonstrando seu ativismo transnacional através da composição de alianças políticas com outros grupos (civis e religiosos). Suas atividades culminavam na formação de políticas contenciosas que amarravam diferentes setores da sociedade civil canadense, vinculando-os em escala global às lutas sociais na África Austral. Põe-se em evidência as duas bases da campanha contra os bancos: as igrejas e os comitês de solidariedade. A articulação destes dois vetores é fruto de processos políticos e sociais em curso no Canadá desde o pós Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, as descolonizações em África e Ásia forçam um reposicionamento da política externa canadense, mudança de rumo realizada sob pressão de grupos transnacionais como o Toronto Committee for the Liberation of Southern Africa. Analisar seu periódico oferece um panorama global destas conexões entre o continente africano e o Norte Global.

This work analyzes the articulation of the Bank Campaign through the publication of TCLSAC Reports magazine, from the Toronto Committee for the Liberation of Southern Africa (TCLSAC), a Canadian solidarity committee involved with the antiapartheid struggle and support to liberation movements from Lusophone Africa. This work analyses practices employed in the composition of the campaign and its strategic usage in the mobilization of protests, boycotts, and pickets organized – practices shared by different national groups engaged in the struggle against Canadian banks and their loans to South Africa in the 1970s and 1980s. The research focalizes the national and international connections put forward by TCLSAC, revealing its transnational activism through the composition of political alliances with other groups (civil and religious). Those activities culminate in the formation of contentious politics that bound together different Canadian civil society sectors, linking them on a global scale with the social struggles on course in Southern Africa. It is shown two bases of the campaign against the banks: the church movement and the solidarity committees. The conjunction of these two vectors results from social and political processes in progress in Canada since the Second World War. During the Cold War, decolonization in Africa and Asia forced a repositioning of Canadian foreign policy, a modification that happened due to the pressure of transnational groups like the Toronto Committee for the Liberation of Southern Africa. Analyze its magazine offers a global panoramic view of the connections between the African continent and the Global North.