Resumo: | O presente trabalho visa expor, por meio de análise qualitativa de entrevistas previamente obtidas, as experiências profissionais de jornalistas brasileiros na China. O objetivo é revelar aspectos da rotina de correspondentes internacionais naquele país e entender os principais desafios enfrentados, de forma a explicar, resumidamente, a sub-representação da China no noticiário brasileiro. Para isso, foram realizadas quatro entrevistas semi-estruturadas e em profundidade, com jornalistas que ocupam ou ocuparam a posição de correspondentes de veículos brasileiros no país asiático, sobretudo na capital Pequim. Os entrevistados foram Nelson de Sá, Cláudia Trevisan, Igor Patrick e Gilberto Scofield Júnior. A análise dos relatos tornou possível inferir que há diversos obstáculos para os jornalistas que se estabelecem na China profissionalmente. Esses desafios são de natureza linguística, cultural, geográfica, histórica e política. Evidenciou-se o fato de a presença de jornalistas estrangeiros na China estar cada vez mais escassa por barreiras impostas pelo governo chinês para obtenção do visto e permanência no país e, também, pelos novos modelos de negócio ao qual a editoria internacional está submetida atualmente, tanto no Brasil quanto em outros países - que, para reduzir custos, se tornou altamente dependente das agências de notícias; e essas, por sua vez, estão afetadas pela visão dos países ricos onde tem sede. This paper aims to expose, through qualitative analysis of previously obtained interviews, the professional experiences of Brazilian journalists in China. The goal is to reveal aspects of the routine of international correspondents in that country and understand the main challenges they face, as well as to explain the underrepresentation of China in Brazilian news coverage. To achieve this, four semi-structured, in-depth interviews were conducted with journalists who currently or previously held positions as correspondents for Brazilian media in China, particularly in the capital Beijing. The interviewees were Nelson de Sá, Cláudia Trevisan, Igor Patrick, and Gilberto Scofield Júnior. The analysis of their accounts made it possible to infer that the results pointed to various obstacles of linguistic, cultural, geographical, historical, and political nature. It became evident that the presence of foreign journalists in China is increasingly scarce due to barriers imposed by the Chinese government for obtaining visas and staying in the country, as well as due to the new business models to which international newsrooms worldwide are subjected. To reduce costs, these newsrooms have become highly dependent on news agencies, which in turn are influenced by the perspectives of wealthy countries where they are headquartered. |