| Resumo: | Inspirada na ideia de construir Um teto todo nosso em formato digital, esta tese tem como objetivo criar uma base de dados de escritoras brasileiras do século XIX ao século XXI. Alicerçada sobretudo no Feminismo Decolonial (MIGNOLO, 2020; QUIJANO, 2014; LUGONES, 2020) a pesquisa realiza dois movimentos principais. O primeiro de revisão da história literária tradicional (ROMERO, 1960 [1988]; CANDIDO, 2009 [1959]; BOSI, 2015[1975, atualizada em 1994]) em busca das escritoras brasileiras para em seguida cotejá-las com antologias, dicionários e coletâneas produzidas por uma crítica literária, em geral, já engajada em questões feministas sobre escritoras do século XIX e XX (PEREIRA, 1973 [1950], STEGAGNO-PICCHIO,1997 [1977]; MUZART, 2000, 2004, 2009; COELHO, 2002). Dessa análise, surge o conceito de sistema literário moderno/colonial de gênero. A partir disso, inicia-se um segundo momento de reflexão historiográficas direcionando o olhar para outros sistemas literários, focados na produção, a partir dos anos 1970, mas sobretudo contemporânea de escritoras brancas, negras e indígenas. Somente quando a impressionante quantidade de escritoras brasileiras historicamente apagadas do cânone emerge é que as Humanidades Digitais (BURDICK et al, 2012, DRUCKER, 2021, FLANDERS, 2018, BROWN, HOLLAND, 2018, RISAN, 2018) se apresentam como uma nova possibilidade de narração histórica não linear, mas múltipla e simultânea, uma potência para a construção de umtetotodonosso.com.
Inspired by the idea of creating A Room of One's Own in a digital format, this thesis aims to establish a database of Brazilian women writers from the 19th to the 21st centuries. Grounded primarily in Decolonial Feminism (MIGNOLO, 2020; QUIJANO, 2014; LUGONES, 2020), the research undertakes two main movements. The first one involves a review of traditional literary history (ROMERO, 1960 [1988]; CANDIDO, 2009 [1959]; BOSI, 2015[1975, updated in 1994]) to identify Brazilian women writers, and then cross-references these findings with anthologies, dictionaries, and collections produced by literary critics generally engaged in feminist issues concerning 19th and 20th-century women writers (PEREIRA, 1973 [1950], STEGAGNO-PICCHIO,1997 [1977]; MUZART, 2000, 2004, 2009; COELHO, 2002). From this analysis emerges the concept of the modern/colonial gender literary system. Following this, the research moves into a second phase of historiographical reflection, focusing on other literary systems and contemporary production by white, black, and indigenous women writers from the 1970s onwards. It is only when the impressive number of historically erased Brazilian women writers emerges that Digital Humanities (BURDICK et al., 2012; DRUCKER, 2021; FLANDERS, 2018; BROWN, HOLLAND, 2018; RISAN, 2018) present themselves as a new possibility for non-linear, multiple, and simultaneous historical narration, a powerful tool for the construction of umtetotodonosso.com. |
