Resumo: | Fundamento: A Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM) é uma das principais opções de tratamento da Doença Arterial Coronariana (DAC), mas alguns estudos divergem que a idade avançada seria um fator de risco isolado para desfechos desfavoráveis nessas cirurgias. Objetivos: Avaliar o impacto da idade nos principais desfechos pós-operatórios de Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM), quanto aos fatores de risco associados ao óbito, à mortalidade hospitalar e às complicações pós-operatórias. Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo realizado no Hospital São Lucas da PUCRS. Incluímos os pacientes submetidos à CRM isolada, de janeiro de 1996 a janeiro de 2023. Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com as faixas etárias de interesse geriátrico: grupo 1: 18- 59 anos; grupo 2: 60-79 anos; e grupo 3: 80 anos ou mais. Foi analisado o perfil dos pacientes quanto às características pré-operatórias e variáveis técnicas cirúrgicas. As variáveis estudadas incluem complicações clínicas, necessidade de reoperação, mediastinite, tempo de permanência em unidade de terapia intensiva (UTI) e tempo de internação hospitalar. Resultados: Dos 5.327 pacientes submetidos à CRM, 3.135 participantes eram do grupo 2 (58,85%). Os participantes do grupo 1 apresentaram maior frequência de tabagismo (42,5% p<0,001), IC NYHA classe 1 (68,5% p<0,001) e cirurgia cardíaca prévia (2,7% p=0,566). O grupo 2 apresentou maior frequência de diabetes (36,7% p<0,001), hipertensão (78,6% p<0,001), AVC prévio (8,6% p=0,001), classe 1 de angina (6,4%) e assintomáticos (21,5% p=0,023) e menor média de fração de ejeção (53,97 ± 14,84 p=0,353).O grupo 3 apresentou maior frequência de IRC (26,3% p<0,001), fibrilação atrial (9,4% p<0,001), dislipidemia (28,1% p=0,596), classes II (21,5%), III (17,1%), IV(7%) da IC NYHA (p<0,001), classe 3 de angina (25% p=0,023), e maior fração de ejeção com média de 55,77 ± 14,46% p=0,353). O percentual de uso de artéria mamária foi maior no grupo 1 (79,5%). O número de safenas (2,5 ± 1; p<0,001), o tempo de CEC (92,79 ± 34,73; p<0,001) e de pinçamento aórtico (56,08 ± 26,01; p=0,012) foi maior no grupo 3. Mediastinite foi mais prevalente no grupo 2 (3,1%). As porcentagens de IAM (14,4%; p=0,856), AVC (7,5%; p<0,001), reintervenção (8,1%; p<0,001). Tempo de UTI (6,91± 8,66; p<0,001), tempo de internação (21,96 ± 12,5; p<0,001) foram maiores no grupo 3. Encontrou-se equiparação da mortalidade em relação ao local do óbito e as taxas de óbito não diferiram estatisticamente entre as faixas etárias (p=0,670). Conclusão: As taxas de óbito não foram diferentes entre os três grupos. Os idosos longevos mostraram maior incidência de comorbidades como IRC e FA. Foi identificado uma maior proporção de complicações pós-operatórias neste grupo, como AVC, necessidade de reintervenção cirúrgica, além de um tempo de permanência mais longo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no hospital. Background: Coronary Artery Bypass Grafting (CABG) surgery is one of the main treatment options for coronary artery disease (CAD), but some studies suggest that advanced age might be an isolated risk factor for unfavorable outcomes in these surgeries. Objectives: To evaluate the impact of age on the main postoperative outcomes of coronary artery bypass grafting (CABG) surgery, regarding risk factors associated with mortality, hospital mortality, and postoperative complications. Methods: Retrospective observational cohort study conducted at Hospital São Lucas of PUCRS. We included patients who underwent isolated CABG, from January 1996 to January 2023. Patients were divided into 3 groups according to geriatric age groups of interest: group 1: 18-59 yo; group 2: 60-79 yo; and group 3: 80 yo or older. We analyzed the preoperative characteristics and surgical technical variables from the patients' profile. The evaluated variables included clinical complications, need for reoperation, mediastinitis, duration of stay in the intensive care unit (ICU), and duration of hospital stay. Results: Out of 5,327 patients undergoing CABG, 3,135 participants were from group 2 (58.85%). Group 1 participants showed a higher frequency of smoking (42.5% p<0.001), NYHA class 1 heart failure (68.5% p<0.001), and previous cardiac surgery (2.7% p=0.566). Group 2 had a higher frequency of diabetes (36.7% p<0.001), hypertension (78.6% p<0.001), previous stroke (8.6% p=0.001), class 1 angina (6.4%), and asymptomatic cases (21.5% p=0.023), and a lower mean ejection fraction (53.97 ± 14.84 p=0.353).Group 3 showed a higher frequency of chronic kidney disease (26.3% p<0.001), atrial fibrillation (9.4% p<0.001), dyslipidemia (28.1% p=0.596), NYHA classes II (21.5%), III (17.1%), IV (7%) (p<0.001), class 3 angina (25% p=0.023), and higher ejection fraction with a mean of 55.77 ± 14.46% p=0.353). The percentage of mammary artery use was higher in group 1 (79.5%). The number of saphenous veins (2.5 ± 1; p<0.001), cardiopulmonary bypass time (92.79 ± 34.73; p<0.001), and aortic cross-clamp time (56.08 ± 26.01; p=0.012) were higher in group 3. Mediastinitis was more prevalent in group 2 (3.1%). The percentages of myocardial infarction (14.4%; p=0.856), stroke (7.5%; p<0.001), reoperation (8.1%; p<0.001), ICU stay (6.91 ± 8.66; p<0.001), and hospital stay (21.96 ± 12.5; p<0.001) were higher in group 3. There was equivalence in mortality regarding the location of death, and mortality rates did not differ between age groups (p=0.670). Conclusion: There was no difference of mortality among the three groups of patients undergoing CABG. Long-lived elderly individuals showed a higher incidence of comorbidities such as CKD and AF. A higher proportion of postoperative complications was identified in this group, such as stroke, need for surgical re-intervention, as well as a longer stay in the intensive care unit (ICU) and in the hospital. |