O brincar no cotidiano da escola especial como promotor de experiências subjetivantes para além do diagnóstico

Abstract

Atualmente, observa-se um movimento de defesa e valorização da cultura da infância, do direito de brincar, do direito ao lazer e da vida vivida, sentida e entendida a partir da perspectiva da criança. Pesquisas sobre as infâncias e suas necessidades emergem nas universidades. Porém, ainda pouco se estuda sobre a infância atípica das crianças com deficiência. A infância e a deficiência são temas nos quais hoje se percebem as consequências históricas de ficarem em segundo plano em um contexto social mais amplo, como a criança-aluno no contexto escolar ou criança-filho no contexto familiar. As ideias de infância e criança e a representação da deficiência ainda são abordadas de forma genérica e estereotipada, desconsiderando a principal característica da condição humana que é a diferença. Assim, apresentam-se as premissas que incentivaram este estudo, que têm como questão central responder: como o brincar da criança com deficiência, no cotidiano da escola especial, é capaz de promover agenciamentos para além da inclusão e do desenvolvimento infantil, produzindo experiências subjetivantes que transcendem o diagnóstico? São os objetivos deste estudo: refletir sobre o espaço-tempo do brincar no cotidiano da escola especial; analisar a experiência dos estudantes ao participarem de momentos de brincadeira no espaço-tempo da escola especial; e discutir o brincar e o brinquedo como forma de agenciamento da subjetividade para estudantes com deficiência. A metodologia, com inspiração cartográfica, foi escolhida por entender que a pesquisa que se constrói no cotidiano precisa estar aberta às relações e ações que emergem do campo de pesquisa. Os dados coletados através das entrevistas, das observações e do diário de campo foram analisados a partir dos pressupostos de Bardin (2016).Os resultados obtidos permitiram desvendar as diversas formas de brincar e reconhecer que existe uma diversidade de expressões que vão além do brincar estruturado. Com isso, é possível compreender as influências do contexto e de como o ambiente é capaz de proporcionar experiências lúdicas, sendo o brincar uma estratégia de inclusão, expressão da subjetividade e pertencimento ao espaço da escola especial. Nesse sentido, esta pesquisa se mostra pertinente à área da educação, como uma forma de contribuir para que a escola possa promover, cotidianamente, momentos de brincar às crianças com deficiência, de modo que sejam vistas para além da Classificação Internacional de Doenças (CID-11).

Currently, there is a movement to defend and value childhood culture, the right to play, the right to leisure, and life lived, felt, and understood from the child's perspective. Research on childhoods and their needs is emerging in universities. However, little is still studied about the atypical childhood of children with disabilities. Childhood and disability are themes where the historical consequences of being relegated to the background in a broader social context, such as the child-student in the school context or the child-son in the family context, are now perceived. The ideas of childhood, child, and the representation of disability are still approached in a generic and stereotyped way, disregarding the main characteristic of the human condition, which is difference. Thus, the premises that encouraged this study are presented, which has as its central question to answer how the play of children with disabilities, in the daily life of the special school, is capable of promoting agencies beyond inclusion and child development, producing subjectivizing experiences that transcend the diagnosis? The objectives of this study are: To reflect on the space/time of play in the daily life of the Special School. To analyze the experience of students when participating in play moments in the space/time of the special school. To discuss play and toys as a form of agency of subjectivity for students with disabilities. The methodology with cartographic inspiration was chosen because it understands that research built in daily life needs to be open to the relationships and actions that emerge from the research field. The data collected through interviews, observations, and field diary were analyzed based on Bardin's (2016) assumptions. The results obtained allowed us to unveil the various forms of play and recognize that there is a diversity of expressions that go beyond structured play.It is possible to understand the influences of the context and how the environment is capable of providing playful experiences, with play being a strategy for inclusion, expression of subjectivity, and belonging to the special school space. Thus, this research proves to be relevant to the field of Education, as a way to contribute to the school being able to promote daily play moments for children with disabilities, where they are seen beyond the ICD-11 (International Classification of Diseases).