Resumo: | Introduction: There is a growing interest in the bidirectional relationship between sleep and epilepsy. Sleep stages and deprivation may influence the expression of epilepsy and, on the other hand, the occurrence of seizures during sleep is influenced by the epileptic syndrome, seizure type and antiepileptic therapy. The objective was to evaluate the relationship between sleep structure (macro and micro) and drug-resistant epilepsies with different underlying causes to contribute to understanding the mechanisms and establishing better diagnosis and treatment. Methods:We evaluated 31 patients with drug-resistant epilepsies with or without a structural brain lesion and compared their sleep architecture with the controls and with a group of children with Benign Epilepsy. Subjects underwent a night polysomnographic recording. Classical sleep stage related parameters were obtained to evaluate sleep macroarchicteture. Sleep microarchitecture was evaluated by the Cyclic Alternating Pattern (CAP). Patients with epilepsy were divided into two groups according to the presence of structural lesion: lesional group and non-lesional group; subsequently, the lesional group was subdivided into patients with lesion due to cortical malformation (subgroup 1) and patients with lesional due other structural causes (subgroup 2). The subgroup 3 was composed by children with drug-resistant epilepsy without lesion. The comparison between sleep parameters was performed by non-parametric tests (Mann-Whitney and Kruskal Wallis) and Tukey test was used for multiple comparisons. The correlations were analyzed by the Spearman Correlation Coefficient. This project was approved by the local ethical committee. Results: Time in bed, total sleep time, percentage of REM sleep and sleep efficiency were reduced and percentage of wakefulness after sleep onset was increased in patients with drug-resistant epilepsy. CAP analysis showed a decrease in NREM instability/arousability as demonstrated by the decrease of A1 subtypes during slow-wave sleep in all 3 groups of patients with drug-resistant epilepsy. A2 and A3 subtypes were also decreased in these patients compared to the control group and similar to benign group. Patients with drug-resistant epilepsy showed number of stage shifts, total sleep time and sleep efficiency reduced when compared to the benign epilepsy group. They also showed reduced REM sleep. Despite of the use of benzodiazepine in the group with refractory epilepsy, there was no difference in sleep latency between groups. 69. 2% of children with drug-resistant epilepsy had cognitive impairment. Conclusion: Children with drug-resistant epilepsy have a greater incidence of sleep problems regarding qualitative aspects, macrostructure and CAP. Sleep microstructure by means of CAP analysis showed a decrease of NREM instability linked to the influence of spike activity and to the stabilizing effect of antiepileptic drugs. INTRODUÇÃO : Existe um interesse crescente no estudo das relações bidirecionais entre sono e epilepsia. Os estágios do sono e sua privação podem influenciar a expressão da epilepsia, assim como as descargas epileptogênicas podem alterar a arquitetura do sono e alimentar um ciclo deletério de privação de sono levando a um aumento global na frequência das crises. Essa relação depende, também, da síndrome epiléptica, tipo de crise e uso de drogas antiepilépticas. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre estrutura do sono (macro e microarquitetura) e epilepsia na infância com suas diferentes etiologias a fim de melhor compreender os mecanismos envolvidos e estabelecer um melhor diagnóstico e tratamento para crianças e adolescentes.MÉTODOS : Foram avaliadas 31 crianças e adolescentes com epilepsia refratária relacionada ou não a lesão estrutural (identificada por RNM). A arquitetura do sono foi comparada entre estes pacientes e outros dois grupos (controles normais e epilepsia benigna rolândica). Todos foram submetidos a registro polissonográfico de noite inteira. A macroarquitetura foi avaliada através dos parâmetros clássicos de estágios do sono. A microarquitetura foi avaliada através do padrão alternante cíclico (CAP). Pacientes com epilepsia foram divididos em dois grupos conforme a presença de lesão: lesional e não lesional e, posteriormente, o grupo lesional foi subdivido conforme a etiologia em: lesional por malformação cortical (subgrupo 1) e lesional por outras causas (subgrupo 2). O subgrupo 3 foi constituído por crianças com epilepsia refratária sem lesão. As comparações entre os parâmetros do sono foram realizadas através de testes não paramétricos (Mann-Whitney e Kruskal-Wallis) e teste de Tukey como post-hoc (para múltiplas comparações). As correlações foram analisadas através do Coeficiente de Correlação de Spearman. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do HSL-PUCRS. RESULTADOS : Tempo na cama, tempo total de sono, percentagem de sono REM e eficiência de sono estavam reduzidos nos pacientes com epilepsia refratária quando comparados ao controle. Por outro lado, a percentagem de tempo acordado após início do sono foi significativamente maior nestes pacientes. Observou-se, também, aumento do início da latência de sono no subgrupo 1 e eficiência do sono reduzida em ambos os subgrupos lesionais. A microestrutura mostrou uma redução da instabilidade NREM demostrada pela diminuição do índice A1 em ondas lentas em todos os grupos de pacientes com epilepsia refratária. Os índices A2 e A3 também estavam reduzidos nos pacientes com epilepsia refratária, quando comparados ao grupo controle (A2 index 1,1 vs 7,6 p<0,001; A3 index 2,2 vs 4,6 p<0,001) e com resultados semelhantes aos pacientes com epilepsia benigna. Os pacientes com epilepsia refratária, quando comparados ao grupo com epilepsia benigna, apresentaram redução no número de trocas de estágios, menor tempo total de sono e redução da eficiência de sono. Além disso apresentaram tempo de sono REM reduzido. Apesar do uso de benzodiazepínico, em todos os pacientes com epilepsia refratária, não houve diferença na latência de início do sono entre os grupos estudados. 69,2% das crianças com epilepsia refratária apresentavam déficit cognitivo e a análise do CAP, nestas crianças mostrou redução do A1 index em sono de ondas lentas. CONCLUSÃO : Crianças com epilepsia refratária apresentam maior incidência de problemas de sono relacionados ao aspectos qualitativos, de macroestrutura e de CAP. A microestrutura, avaliada pelo CAP, mostrou uma redução da instabilidade NREM relacionada à influência da atividade epiléptica e do efeito estabilizador das drogas antiepiléticas. |