Resumen: | Introdução: Os nonagenários compõem o grupo populacional que mais cresce no Brasil.
Uma das principais causas de óbito entre os nonagenários e centenários estão mortes
por sinais e sintomas mal definidos (25%), demonstrando uma carência na assistência
desses grupos populacionais. O envelhecimento é acompanhado de modificações nos
hábitos alimentares. Dentre os nonagenários e centenários, a relação desses hábitos
com a mortalidade não está estabelecida. Portanto, é importante avaliar essa relação
propiciando uma orientação nutricional mais adequada que poderá ser fruto de uma
política de saúde pública. Objetivo: Associar os hábitos alimentares com a sobrevida em
nonagenários e centenários. Métodos: Os 238 nonagenários e centenários avaliados
pelo projeto “Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL) em 2016 foram
acompanhados até agosto de 2019 periodicamente por telefone ou visita domiciliar. O
número de meses entre a primeira avaliação e a data do óbito ou do último contato foi
utilizado para calcular o tempo de acompanhamento, para fins de análise de sobrevida
(pela regressão de dano de Cox). Os hábitos alimentares foram classificados quanto à
qualidade (Índice de Qualidade da Dieta - IQD) e a variabilidade da dieta (IVD).
Resultados: O consumo alimentar avaliado pelo IVD demonstrou que a capacidade
mastigatória (p=0,0033) e o apetite (p=0,0368) influenciaram na pontuação do índice. A
faixa etária (p=0,0247), o exercício físico (p=0,0020), o consumo de bebida alcoólica
(p=0,0344) e a presença de diarreia (p=0,0064) demonstraram ter influência na qualidade
da dieta, refletindo na pontuação do IQD. Tanto o IVD quando o IQD foram preditores de
sobrevida. Níveis maiores de ambos os índices tiveram maior probabilidade de sobrevida
sendo indicativo de significância para o IVD (p=0,0809) e significativo o IQD (p=0,0098).
Conclusões: Tanto a qualidade quanto a variabilidade da dieta foram preditores de
sobrevida nos nonagenários e centenários pesquidados. Foi possível identificar pontos
de cortes, para ambos os índices (IVD e IQD), mais sensíveis para a predição de
sobrevida que poderão servir como parâmetros de normalidade para a qualidade
alimentar da população dos nonagenários e centenários. O IQD pode ser considerado
bom se maior ou igual a 9 e o IVD se maior ou igual a 4. Apesar do IQD ter tido melhor
desempenho ambos os índices podem ser facilmente aplicados na atenção primária, pois não necessitam de treinamento especializado. O instrumento utilizado para o cálculo dos
índices já é amplamente aplicado em pesquisas populacionais pelo IBGE. Por tanto, a
experiência adquirida no presente trabalho poderá ser estendida para outras faixas
etárias. Introduction: Nonagenarians make up the fastest growing population group in Brazil.
Deaths due to ill-defined signs and symptoms (25%) are the main causes of death of
nonagenarians and centenarians, demonstrating a lack of assistance in these population
groups. Aging is accompanied by changes in eating habits. Among nonagenarians and
centenarians, the relationship of these habits to mortality is not established. Therefore, it
is important to evaluate this relationship, providing a more adequate nutritional orientation
that may be the result of a public health policy. Objective: To associate eating habits with
survival in nonagenarians and centenarians. Methods: The 238 nonagenarians and
centenarians, evaluated by the project “Multiprofessional Long-term Care in 2016, were
followed up to August 2019 periodically by telephone or home visit. The number of months
between the first assessment and the date of death or last contact was used to calculate
follow-up time for survival analysis (by Cox damage regression). Eating habits were
classified according to quality (Diet Quality Index - DQI) and diet variability (DVI).
Results: The food intake evaluated by the DVI showed that chewing capacity (p=0.0033)
and appetite (p=0.0368) influenced the index score. Age group (p=0.0247), physical
exercise (p=0.0020), alcohol consumption (p=0.0344) and diarrhea (p=0.0064) were
found to influence quality of the diet, reflecting on the DQI score. Both DVI and DQI were
predictors of survival. Higher levels of both indices had a higher probability of survival,
indicating significance for DVI (p=0.0809) and significant DQI (p=0.0098). Conclusions:
Both quality and diet variability were predictors of survival in the nonagenarians and
centenarians surveyed. It was possible to identify cutoff points for both indexes (DVI and
DQI), more sensitive for survival prediction that could serve as normal parameters for the
food quality of the nonagenarians and centenarians population. The DQI can be
considered good of 9 or greater and the DVI if greater than or equal to 4. Although DQI
had better performance both indices can be easily applied in primary care because they
do not require specialized training. The instrument used for the calculation of indices is
already widely applied in population surveys by IBGE. Therefore, the experience gained
in the present work may be extended to other age groups. |