Abstract: | Esta pesquisa visa explorar, nas obras de Patrícia Portela, como se instala uma espécie de quarta dimensão espacial, cujo gesto curatorial da autora-narradora se materializa. Tal gesto, como metonímia do projeto da artista portuguesa, faz-se presente na mistura de linguagens, no questionamento acerca das margens da realidade e na reflexão frequente acerca do processo artístico, subvertendo formatos e problematizando limites de representação. Para isso, foram analisadas cinco obras: Odília ou a história das musas confusas de Patrícia Portela (2007), Dias úteis (2019), Para cima e não para o norte (2012), Zoëlógica (2017), A Coleção Privada de Acácio Nobre (2017) - estabelecendo-se um recorte de mais de uma década de publicações. O suporte teórico dessa investigação ampara-se, em primeira instância, nos estudos de Wolfgang Iser, Linda Hutcheon, Ricardo Piglia e Paul Zumthor para compreendermos como se dá a instalação do leitor hipercontemporâneo performatizado como gesto; em segunda, as investigações de Wayne Booth e José Angel García Landa auxiliaram-nos a compreender a confluência entre narradores dramatizados e a marcação da autora-narradora como ponto articulador da narrativa em Portela a instalar a dúvida como princípio constitutivo; em terceira, a elaboração de uma nova perspectiva narrativa, com a formulação de uma narração como gesto curatorial (narradora-curadora) em A coleção privada de Acácio Nobre. This research aims to explore, in Patrícia Portela's works, how a kind of fourth spatial dimension is installed, whose curatorial gesture by the author-narrator materializes. This gesture, as a metonym for the Portuguese artist's project, is presente in the mix of languages, in the questioning about the margins of reality and in the frequent reflection on the artistic process, subverting formats and problematizing limits of representation. For this, five works were analyzed: Odília ou a história das musas confusas do cérebro de patrícia portela (2007), Dias Úteis (2019), Para cima e não para o norte (2012), Zoëlógica (2017), A Coleção Privada de Acácio Nobre (2017) - establishing a cross-section of more than a decade of publications. The theoretical support of this research is based, firstly, on the studies of Wolfgang Iser, Linda Hutcheon, Ricardo Piglia and Paul Zumthor to understand how the installation of the hypercontemporary reader occurs as a gesture; secondly, the research of Wayne Booth and José Angel García Landa helped us understand the confluence between the dramatized authors and the marking of the narrator as the articulating point of the narrative in Portela to install doubt as a constitutive principle; thirdly, the elaboration of a new narrative perspective, with the formulation of a narrative as a curatorial gesture (narrator-curator) in A coleção privada de Acácio Nobre. |